Já faz um tempo que escrevi sobre a três formas que conheço de O nevoeiro. O conto, o filme, e a serie. Esse post estava no Porre de Livros e eu decidi compartilhar aqui a minha opinião sobre os três
CONTO x FILME x SERIE.
O Nevoeiro (The Mist) é um conto do autor Stephen King (que é rei até no nome) publicado em 1985. Atualmente o conto faz parte da antologia Tripulação de esqueletos da editora Suma das Letras. Um dos contos mais extensos que o autor já escreveu com 148 páginas na edição original de 85.
Todo fã de King já percebeu que boa parte dos contos dele se passa no Maine e não diferente esse acontece na pequena cidade de Brindgton. A cidade é vizinha de uma ilha que sedia uma instalação militar de pesquisas, essas não estão muito claras. O leitor acompanha a vinda de uma tempestade e todas as consequências que vem com ela. Pela perspectiva de David Drayton, artista local que mora com sua esposa e filho. Após contabilizar os desastres de uma tempestade anterior, David precisa abastecer a casa de suprimentos e sai para o supermercado local que fica no centro da cidade, acompanhado de seu filho Bill, e do seu vizinho Norton, com quem David não possui uma relação muito boa.
Enquanto estão no supermercado, a cidade toda é coberta por um nevoeiro, espesso e mais branco (para não dizer escuro) que o normal. Com a chegada do estranho nevoeiro, a primeira coisa que
deixa a cidade é a energia elétrica, em seguida tudo que funciona com energia ou recebe sinal 2g deixa de funcionar (celulares, carros, geradores, e até relógios), as coisas pioram quando as pessoas no supermercado percebem que o nevoeiro trouxe consigo, estranhas criaturas que parecem saídas de um pesadelo e estão sedentas por sangue e tentam entrar a todo custo. O filme tem inicio, meio e fim, assim como o conto, mas o leitor não tem ideia de como as criaturas chegaram ali, e tenho que admitir que no fim de tudo cheguei varias vezes a pensar que se tratava de histeria coletiva por algo toxico na nevoa que tomava a cidade. Mas, você começa a entender o King depois de ler algumas vezes o mesmo conto ou livro.
O que surpreende mesmo o leitor é perceber o quanto a história é bem simples, pessoas presas em um supermercado lutando para sobreviver a criaturas bizarras, é um relato que prende o leitor da primeira à última linha. Nele, King mostra o que tem de melhor, quando colocando personagens nas mais extremas situações e escancarando a fragilidade humana diante do caos, nos mostra até onde o ser humano pode ir por amor, ódio, rancor, tristeza e fé. Uma das habilidades que mais me fascinam na construção de um personagem é a capacidade que ele tem de mostrar que o ser humano pode ser mais assustador que muitos monstros saídos das profundezas do nosso inconsciente. E ele sempre consegue, por mais fantasiosos que os contos de King sejam, tem sempre o fator humano que coloca as coisas em perspectiva. Tem sempre aquele filho da puta que vai foder tudo se tiver a oportunidade.
FILME X SÉRIE
No universo existe aquele, conto, livro, HQ, desenho animado que todos nós temos o sonho de ver nas telinhas e telonas mundo a fora. Mas, não é de hoje que entortamos a cara para certas adaptações de histórias que adoramos, depois de perceber o quanto as produções destroem as nossas histórias favoritas ou aquelas que conhecemos bem. Infelizmente eu tenho um histórico complicado com muitas adaptações. inclusive algumas do mestre King.
Não foi o caso com o filme que foi lançado em 2007. Basta dizer que é uma adaptação super fiel até nos diálogos, com exceção apenas do final. Sim, senhoras e senhores, são pouquíssimas linhas de diferença entre o fim do conto e o fim do filme. O filme foi dirigido e produzido por Frank Darabont e contou com um time de estrelas no elenco. Com Thomas Jane no papel de David Drayton e a sensacional Marcia Gay Harden interpretando a Sra. Carmody. Contudo, o que temos de fiel no filme nos falta na série produzida pela Netflix, mas, isso não faz da série uma produção ruim. Mas, outras coisas sim. A priori eu imaginei que a serie trataria dos mesmos personagens do conto, ja que no conto o que temos é a versão de David, a serie traria outras versões e assim a mesma historia seria contada de diferentes pontos de vista. Mas, quem sou eu pra querer alguma coisa? Ao inves disso o que ganhamos foi:
Um roteiro que é raso, nada é convincente, nem as atuações são dignas de aplausos, mesmo tendo nomes como Alyssa Sutherland (Aslaug - Vikings). As motivações são fracas, as discussões em torno da temática quebradiças e é uma releitura ruim do conto, os personagens não despertam sentimentos como raiva, repulsa, pena e nem sequer a torcida, nem mesmo a criança em cena desperta preocupações pelo seu bem estar. (Sim eu assisti todos os episódios. rs) Mas, nada é o que o conto trouxe, nem a riqueza de detalhes do texto de King foi suficiente para que eles fizessem uma boa adaptção. Aparentemente eles adaptaram demais e o texto do King se perde na nevoa.
A serie trouxe uma família passando por um momento critico depois da filha sofrer um abuso sexual numa festa, traz também a família do acusado cujo o pai é o xerife da cidade. Uma família disfuncional (mais do que o normal) com a tipica mulher religiosa, um pai bêbado e agressor e um filho com problemas de comportamento, entre outras historias que imagino que viriam a acontecer caso a serie não fosse cancelada (anda bem que foi). Contudo tenho que admitir que temos alguns efeitos especiais que mesmo não tendo a ver com o conto perturbam bastante a nossa mente. E talvez essa preocupação em mostrar mais os monstros do que a natureza humana (o que acredito ser o plot do filme como foi do conto) tenha deixado a desejar. Mesmo com cenas muito bem executadas, quem conhece o filme e o conto esperava mais de alguém que teria um tempo maior para contar a historia. A única coisa consistente em cena com o conto original e o filme de 2007 é a Mrs. Raven interpretada por ninguém mais ninguém menos que Frances Conroy (AHS)
Esta é de longe a personagem mais icônica da história em todos os viés. Embora o leitor acompanhe o relato de David Drayton, quem rouba a cena em vários momentos é a religiosa que consegue criar um pequeno rebanho de fiéis dispostos a seguirem suas ordens mais absurdas e isso em menos de dois dias de confinamento no supermercado. No livro e filme estamos falando de Mrs. Carmody, ela é a dona de uma loja de antiguidades na cidade e quem as pessoas procuram quando precisam de alguns remédios naturais.
Na serie esse papel é da Mrs. Raven que não é exatamente a mesmo do conto ou do filme, mas, ela é claramente uma pastora cruel que acredita que o nevoeiro está ali para punir os “culpados” no sentido de "aquele que sente culpa". Mrs. Raven é também a única coisa boa de se ver na serie e inclusive tem um dos finais mais surpreendentes e emocionantes, salvando assim pelo menos o ultimo episodio.
Existe mais uma "coisa" baseada nesse conto... Half-life, o jogo. O enredo do jogo é baseado no contoconto, inclusive é possível ver várias criaturas durante o jogo.
ResponderExcluirEu escrevi sobre as formas que conheço, não sabia do jogo... Mas por pura curiosidade eu vou procurar! heheh Obrigada!
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