Adaptação do conto de King para a telinha pela Netflix em
2017 causou um certo estranhamento aos amantes do mestre do horror, e não por
motivos fúteis. Não é de hoje que viramos a cara pra essas adaptações e a Netflix
tem focado em historias do King (que é rei até no nome), depois de "O Nevoeiro" todo mundo meio que broxou e se não broxou é por que não assistiu a triste
adaptação do conto pra serie (que aparentemente não voltará para uma segunda
temporada).
Contudo vamos ao que interessa: Gerald’s Game ou Jogo
Perigoso
O livro original foi publicado em 1992, mas, no Brasil ele
só chegou no ano de 2000 pela editora Objetiva.
E nessa adaptação a Netflix foi bastante fiel e nos deu um filme cheio
de referencias a outros contos do mestre.
Gerald e Jessie Burlingame (Bruce Grenwood e Carla Gugino) são um
casal que está passando por uma turbulência no casamento e por isso decidem se
distanciar de tudo e de todos na sua casa de campo durante o fim de semana. Para
Gerald isso não é apenas um fim de semana para salvar seu casamento e ele já tem
tudo planejado. Gerald é um homem mais
velho, um advogado bem sucedido, um homem educado, mas, é misógino, falocêntrico
e um homem cheio de fetiches. Jessie é a
esposa dedicada que aprendeu a agradar o marido seja lá no que for preciso. E
para salvar seu casamento ela está ainda mais disposta e não pensa muito quando
o marido propõe um joguinho sexual.
Gerald algema a esposa na cama
(com algemas de verdade) e põe a chave em cima da pia do banheiro enquanto pega
um copo d’água pra tomar um remédio. É
ai onde o jogo começa a dar muito errado. Jessie se vê algemada na cama, sem
comida ou água, sem bateria no celular que não está perto, sem poder pedir
ajuda por vários motivos, os vizinhos mais próximos não ouviram seus gritos e
mesmo assim sabemos que eles não estão em casa, os empregados estão de folga a
pedido de Gerald e ela teme pela sua segurança caso seja encontrada algemada a
cama e vulnerável por um estranho, mas,
nada disso se compara ao medo que ela sente do cachorro faminto que está agora
dentro da casa. Não está sendo fácil para Jessie, e tudo vai piorar, no meio do
desespero a mente dela começa a projetar figuras que hora ajudam a resolver
problemas, mas, também instigam seus piores pesadelos e libertam seus maiores
medos. É um filme claustrofóbico. É bastante
sufocante em certos momentos e difícil de assistir em outros.
(SPOILER
ALERT) (SPOILER ALERT) (SPOILER ALERT) (SPOILER ALERT) (SPOILER ALERT) (SPOILER
ALERT)
O filme tem um lugar mais sombrio
do que imaginamos quando começamos a aprender mais sobre o passado da nossa
prisioneira solitária.
Jessie foi exposta a um pai misógino
ainda muito jovem, que aos doze anos abusou dela durante um eclipse e depois
continuou com isso a fazendo acreditar que a culpa era dela, e que sua mãe
ficaria desapontada caso ela contasse alguma coisa. Por medo de levar a culpa
(claro por que a culpa é sempre da vitima) e medo de que ele fizesse o mesmo
com sua irmãzinha, Jessie guarda o segredo do pai, algo que ela nunca contou
nem mesmo ao seu marido, que mesmo sem imaginar dos traumas da esposa, sadicamente
começa a se impor chamando a si próprio de “papai” e desencadeia essas
lembranças sombrias deixando-a assustada como da primeira vez.

Num livro seguinte (Eclipse
Total - Dolores Claiborne) vamos ouvir sobre Dolores, que tem uma
conexão mental com Jessie e que descobrimos que esteve lá durante o assedio
durante o eclipse e durante a agressão do marido e as algemas nas noites que
passou naquele quarto. A priori esses
que são agora dois livros seriam apenas um volume chamado: "In the Path of
the Eclipse" ("Na trajetória do eclipse"). E que o prefacio já explicava
essa conexão entre as duas personagens.
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