segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

HEX - Thomas Olde Heuvelte - 2018 - Darkside Books

O egoísmo, o amor e a histeria coletiva.

Dados os últimos acontecimentos no país resolvi liberar a resenha que fiz de HEX por que acho que boa parte do livro é um tratado sobre o egoísmo e algo com um quê de histeria coletiva, ou sobre fazer a coisa certa apenas se a coisa é certa pra você. Até onde o indivíduo pode abrir mão do bom senso e do coletivo, para dar lugar a barbárie em nome de um bem maior? E acreditem o tão clamado “bem maior” não justifica qualquer atrocidade cometida contra um ser humano e a cidade de Black Spring aprendeu isso da maneira mais cruel e perversa possível.

   Até onde se pode castigar um grupo de adolescentes por serem adolescentes cruéis? Essa é uma pergunta bastante lógica e fácil de responder já que nós leitores vivemos numa sociedade cujo às leis são criadas e implementadas por governantes que escolhemos (e por sua vez eles têm a obrigação de defender os nossos interesses.) Mas a pequena cidade de Black Spring passa por uma grande dificuldade com a implementação de leis. Bom, não deve ser fácil ter as leis da sua cidade girando em torno da maldição da Bruxa de Black Rock. 
   
   HEX nós traz a uma cidade em suma maioria religiosa, crente e temente Deus e sedenta por redenção. (Um Deus que aparentemente não os abandonou ainda, mas também está pouco ligando para a pequena cidade que sofre com uma maldição que atravessa centenas de anos) - A bruxa Katherine van Wyler. - Enquanto a história real da bruxa não fica muito clara a cidade segue contando a mesma história sobre ela, uma que se contava há mais 300 anos como um infinito telefone sem fio: Katherine foi acusada de bruxaria depois que o seu filho vítima de varíola apareceu brincando na floresta e aparentemente Katherine o trouxe de volta dos mortos depois de ter feito um pacto com o diabo, (tinhoso, belzebu, sete peles e por aí vai). A história da bruxa não é contada com mais detalhes e isso é algo que me fez falta no livro - talvez isso desse para nós leitores meros mortais algumas pistas do que ela queria daquelas pessoas - No entanto, eles continuam a mercê da bruxa sem questionar nada. 

Mas e se a história é verdadeira e você pudesse barganhar com a bruxa em troca da vida da pessoa que você mais ama no mundo? Mesmo sabendo que todo o resto da cidade iria sofrer com as consequências dos seus atos. 

Durante a leitura eu pude notar que muito do que as pessoas de Black Spring fazem, elas fazem em benefício próprio, elas são egoístas, mesquinhas, hipócritas e quase o tempo inteiro elas se escondem por trás de uma máscara religiosa que permite que elas sejam gentis e educadas umas com às outras. Eu pensei muito antes de escrever isso por que em determinado momento fica claro que a bruxa tem algum poder, mas também fica claro que mesmo que não tivesse a cidade sucumbiria ao medo e isso levaria a violência, é isso que eu chamo aqui de “histeria coletiva” - Lispector diz: Ela acreditava em anjos e por que ela acreditava eles existiam - aqui se trocarmos a palavra anjo pela palavra monstro fica perfeitamente claro o exemplo. Na literatura existem várias formas de "histeria coletiva", o medo irracional de algo que se perpetua por toda uma sociedade e os torna reféns, é comum em seitas que todos compartilhem da mesma crença e isso faz seus seguidores agirem de acordo com sinais pré-estabelecidos que por acaso também são completamente previsíveis por uma determinada ciência ou método já inventado, mas ainda assim eles estão dispostos a sacrificarem tudo em razão de “um bem maior”.

E aqui é onde vai rolar um spoiler (mas é muito pequeno) 

Vemos então a cidade em pandemônio, seus moradores gritam acusações, se atacam verbalmente e se golpeiam com vários tipos de objetos que trouxeram de suas casas (ora, mas se tu não tens a intenção de atacar alguém, é só não sair armado) vemos também a bruxa que se antes estava presa à correntes de ferro pesadas e tinha sua boca e olhos costurados, agora já não arrastava correntes e seus olhos e boca estavam livres dos pontos. Katherine caminhava de mãos dadas com um casal de crianças às quais a população logo reconheceu e mesmo que notassem que às crianças não estavam com medo da bruxa, eles a atacaram e as crianças foram atingidas. E isso é o que parece ter acontecido há mais de 300 anos quando depois de acusada ela é obrigada a cometer suicídio, mas aqui os moradores vão tentar atacá-la e já é de se esperar que não vai dar muito certo. 

   Eu tenho que dizer pra vocês que para mim Katherine é a personagem principal da história, mesmo que o livro trace muitos caminhos e apresente a história de muitos personagens deixando a historia da bruxa bastante reduzida (Katherine van Wyler tinha dois filhos, um menino que depois de “ressuscitado” ela foi obrigada a matar após ser acusada de bruxaria para proteger a sua outra filha uma menina por quem ela aceitou cometer suicídio. Sim, ela foi sua própria executora já que foi acusada além de bruxaria de matar seu próprio filho,  sendo assim para expurgar seus pecados Katherine foi obrigada a se enforcar)... É claro que a família Grant é uma grande parte desse enredo eles estão em 80% das páginas, atuando direta ou indiretamente com a bruxa, e mesmo sem nenhuma fala, sem nunca dizer uma palavra a bruxa tende a transparecer em ações às suas vontades. E só no final vai ficar claro o que ela queria, e podemos pensar que se a tivessem ouvido antes, mesmo antes de matarem seus filhos, nada disso aconteceria. E a pequena cidade de Black Spring ao norte do rio Hudson ainda estaria lá para receber seus visitantes. 

Aqui tem uma pequena mostra do que esperar da Bruxa: 




Notas do autor: No final do livro Thomas Olde Heuvelt faz seus agradecimentos e nos conta micro histórias: como o fato de sua babá já lhe deixar assustado antes de dormir aos 7 anos de idade ou de que o livro que acabamos de ler e foi originalmente escrito e publicado era ambientado em um pequeno vilarejo da holanda e ele teve bastante trabalho e ajuda de tradutores para trazer todo o vilarejo para às margens do Rio Hudson.






_ Tradução de Fabio Fernandes
_A partir da tradução inglesa de Nancy Forest-Flier

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Mulheres pra se ler em 2019.

Gente, eu me senti muito incomodada por ter indicado 12 livros (na verdade 22 livros) no outro post e ver que a maioria das minhas indicações são de livros escritos por homens, nada contra as minhas indicações e os livros continuam sendo livros muito bons, mas eu li tanta mulher maravilhosa no ano passado e já tenho uma lista linda pra ler esse ano que me bateu a estranheza de não ter indicado mais mulheres. Então aqui eu vou falar alguns dos meus livros favoritos escritos por mulheres e que merecem um cantinho no hall da fama - pasmem que só tem livro nacional - Mulheres brasileiras produzindo coisa boa, coisa linda, coisa maravilhosa de se ler. E eu me sinto na deliciosa obrigação de divulgar essa produção - Vamo lá?

E eu vou começar com a:

Fernanda Young e o seu Pós-F: para além do feminino e do masculino. O livro que traz reflexões da artista sobre diversas áreas do cotidiano ligadas ao “ser mulher”, de como o comportamento influencia no entendimento do outro e de nós mesmas e se engana se você que leu isso achou que é um livro radical para feministas. Não é! É um livro sobre ser um ser humano que vive e pratica uma coisinha inovadora chamada RESPEITO. - Quando existir respeito o que é radical não será mais necessário.

Marina Porteclis que tem vários livros lançados é uma ótima romancista, poeta, contista, cronista (super gente boa) e o romance mais recente que li foi o “Esquadros” lançado pela Editora PEL em 2016. É um livro que aguça, que entorpece e quando você se dá conta já ta lá na metade. Uma leitura cheia de sorrisos, gostosinha mesmo de ler naquele tão sonhado dia frio. 

E aproveitando o fio da Editora PEL que lançou também o delicioso “O relógio das Flores” em 2015 escrito e muito bem escrito pela Sara Lecter (sem parentesco que eu saiba) Toda vez que pego o livro da Sara eu fico olhando o Lecter por um tempo! rsrs. E aqui temos um livro com uma grande e amarradinha trama, desde uma agente da policia civil, uma jornalista e professora. Personagens bem trabalhados, um pouquinho de esteriótipo que dá um tom divertido ao livro sem ser ofensivo e bem, mas bem romantico  

Mas o meu queridinho lançado pela Editora PEL é “A chave da casa” da Débora Gomes em 2017. É um livro muito sensível, que trata de um tema que é difícil de explorar e a Débora fez isso com um olhar muito delicado e o livro é mesmo uma delícia de leitura. Quando você se apaixona e a vida te leva pra outro mundo, longe de quem você ama é ruim, mas o que fazer quando a vida te traz de volta e te joga na vida  daquele amor adolescente? Sim, eu sou apaixonada por esse livro, mas não é um livro onde tudo são flores e dias ensolarados! 

“O utero é do tamanho de um punho” um livro de poemas escritos por uma mulher, sobre a mulher. É o livro da Angélica Freitas lançado pela Editora Cia das Letras em 2017. Que está na minha lista por tudo que já li sobre a composição desse livro. 

A Cia das letras, que lançou também em 2015 “O livro das semelhanças” também poemas de uma mulher (e que mulher) Ana Martins Marques. E uma explosão de delicadeza (pode isso?) tratando do cotidiano. Gente o que esperar de uma escritora que faz poesias sobre gatos? 

Depois de um hiato a finalista do prêmio Jabuti de 2008, Laura Erber lançou em 2017 pela Relicário a o livro “A retomada” poemas. Laura é artista plástica, romancista, ensaísta e professora universitária, seus poemas emergem de suas múltiplas faces e causam sensações diferentes em diferentes leitores. 

Eis uma mulher que dominou meus pensamentos e desejos literários desde o momento que assisti a uma pequena palestra dela no lançamento de “Como se estivéssemos em um palimpsesto de putas” lançado pela Cia das Letras em 2016, a Elvira Vigna traz um romance que é quase um tratado entre um homem e uma mulher e não poderia ser mais original dentro dessa simplicidade. A crueldade do relato feminino sobre as aventuras sexuais de um homem mais velho. Eu pretendo ler qualquer coisa que essa mulher maravilhosa e impar escreveu em vida!

Eu queria colocar aqui um livro da Conceição Evaristo, mas eu tenho uma paixão desenfreada pela produção da Evaristo que ao ver na estante o que já li e o que mais gosto ficou difícil escolher apenas um título - sendo assim - vou por três deles aqui e vocês leiam os três o mundo não vai acabar amanhã e depois vocês vão me agradecer:

“Insubmissas Lágrimas das mulheres”, (Editora Malê, 2017) tão forte quanto o título e sobre sororidade, coisa que todo mundo sempre pode aprender mais. “Olhos d’Água” (editora Pallas, 2014) que é mais uma vez um livro de reflexão, um livro que te coloca em contato com outras perspectivas sobre o que é ser “afro-brasileiro” no Brasil. E o romance “Ponciá Vicêncio” (Editora Pallas, 2014) - e esse é realmente uma história contada com maestria que só Evaristo tem. 
PESSOAS LEIAM CONCEIÇÃO EVARISTO!! 

“Um Exu em Nova York” e “Sobre-Vivente” são Livros escritos por Cidinha da Silva laçados pela Editora Pallas em 2018 e 2016 respectivamente - São livros de uma afro-brasileira sobre afro-brasileiros? Sim, eles são! Mas eles são muito mais do que isso, são o retrato de uma sociedade doente que exclui o diferente mesmo quando esse não é em nada diferente. Sobre a marginalização da cor, sobre preconceito, sobre religião, sobre ser/estar na margem. É uma leitura enriquecedora, não é uma leitura fácil, a Cidinha (como dizem em sua contra-capa) não usa “aspas” ou itálico e isso deixa a leitura homogênea e a impressão que fica é a de que somos constantemente obrigados a reconhecer aquilo que nos cerca. 

E por que não aprender um pouco mais sobre a nossa história? Jarid Arraes traz em seus livros muito do que a história insiste em ignorar. Em seu “Heroínas Negras Brasileiras” (Editora Pólen 2017) E gente, esse livro é o trabalho de uma historiadora , portanto, é um resgate histórico que conta a história de mulheres negras, mulheres que foram princesas, escritoras, líderes políticas, sambistas, entre outras, mulheres que o Brasil precisa conhecer. 

Djamila Ribeiro com “Quem tem medo do feminismo negro?” pela Editora Cia das Letras em 2018 reúne num livro um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por ela no blog da revista Carta Capital , entre 2014 e 2017.

E por que não falar de quem ta fazendo literatura fantástica? Por que tem, mulheres fantásticas, escrevendo ficção científica, horror, HQ, e por ai vai:

Clara Madrigano, escreve e publica também (que mulher senhoras e senhores) Autora de: As boas damas: uma novela de Sherlock Holmes (editora Dame Blanche, 2018) O que acontece é que Clara é uma das donas da Editora Dame Blanche e essa é a editora que vem publicando super mulheres como a Paola Siviero com o “O auto da maga Josefa” (2018) Que parece um livro de contos pois cada capítulo é um episódio narrando a história do caçador de criaturas sobrenaturais: Toinho e a Maga Josefa - É muito gostoso ler uma história ambientada no Nordeste brasileiro sem aqueles preconceitos pesados que a globo ta acostumada a empurrar. 

Já pras bandas desse meu país Pernambuco temos a capital mais assombrada do mundo em linha reta e sim temos a HQ da Roberta Cirne chamada "Sombras do Recife" e a Roberta vem fazendo um trabalho muito legal com os personagens famosos das nossas lendas urbanas e assombrações do Recife. 

No terror/horror tem a Rô Mierling que lançou em 2016 pela Editora Illuminare o primeiro volume de “Microcontos Crueis: livro I da série Pedaços de mim” é um livro pequenininho com contos pequenininhos, mas cheio de crueldades e terror. 
Eu realmente queria ficar aqui indicando cada um dos "mulherão da porra" que já li, ainda tenho uma lista com muito mais mulheres que escrevem aqui no brasil e vocês precisam conhecer, mas acho que vocês podem começar com essas e eu vou postando mais e mais e mais até que todas as mulheres que escrevem e fazem literatura aqui no Brasil sejam divulgadas. Espero que quanto mais eu poste sobre mulheres mais mulheres comecem a escrever.

Gente, eu não coloquei aqui mulheres como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti, Hilda Hilst, entre outras mulheres brasileiras que dominam a arte de fazer literatura de qualidade, porque são autoras de quem todo compra, indica e presenteia. E uma hora ou outra eu vou acabar falando - por que são autoras que eu indico geralmente.

xoxo

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

12 Livros em 12 meses.

Então, ano novo novos hábitos e um amigo pediu pra que eu sugerisse leituras pra quem tá tentando criar o hábito de ler e não tem muito tempo - Achei a ideia interessante, muito embora eu sempre acho que meu gosto por livros muito peculiar mas fiz aqui uma listinha com 12 títulos que estão divididos entre 6 livros que li e gostei muito no ano passado e 6 livros que vou ler nos próximos meses - e então quem tem um tempo curto e vai ler um livrinho por mês pode levar em consideração as diquinhas ai. (gente não tem ordem de preferência, foi muito aleatório tá bom?)

Lidos:

1 - Homens e outros animais fabulosos - Livro de contos do João Paulo Parisio, lançado em 2018 pela Editora Patuá.

2 - Rita Lee: uma autobiografia -Biografia pela Rita Lee, lançado pela Globo Livros em 2016.

3 - Fernanflor - Romance do Sidney Rocha, lançado pela Editora Iluminuras em 2015.

4 - O homem despedaçado - Livro de contos do Gustavo Melo Czekster, lançado em 2013 pela Editora Dublinense.

5 - O Colecionador - Romance de John Fowles, relançado pela Editora Darkside Books em 2018

6 -Holocausto Brasileiro - Livro-Reportagem da Daniela Arbex, lançado pela Editora Geração em 2013.

Então, tem livro pra todos os gostos, eu queria falar dos livros de contos por que é uma leitura que pode ser rápida ou pode levar mais tempo dependendo da disponibilidade do leitor já que os contos são histórias independentes dentro do livro, e assim você pode estender a leitura ou até alternar entre dois livros no mesmo mês. O importante é escolher algo que você se identifica.

Dos livros que vou ler esse ano que já começou, não vou colocar aqui os já lidos (por que minha meta é um livro por semana) vou colocar aqui 6 dos livros que vou com certeza ler esse ano.

1 - Estela sem Deus - Romance do Jeferson Tenório, lançado pela Editora Zouk em 2018.

2 - Sapiens: uma breve história da humanidade - Romance de Yuval Noah Harari, lançado pela Editora LP&M em 2014.

3 - A vida secreta de Londres - Livro de contos por vários autores incluindo o Neil Gaiman, Alan Moore e Dave McKean, lançado pela Editora Veneta em 2017.

4 - Cavalo de Cronos - Livro de contos do José Francisco Botelho, lançado pela Editora Zouk em 2018.

5 - Os contos - Coletânea completa de contos da Lygia Fagundes Telles, lançado pela Editora Companhia das Letras em 2018.

6 - As melhores histórias brasileiras de horror - Livro de contos de vários autores desde 1870 até 2014 lançado pela Editora Devir Livraria em 2018. 

E aí estão 12 sugestões de leitura para 2019 de ninguém botar defeito. Com menção honrosa pra esses 10 títulos que valem a pena ler em 2019 caso a sua meta seja mais do que 12 por ano.

O Colecionador de Baleias - Rômulo César Melo, Editora CEPE, 2018.
Quebranto - André Balaio, Editora Patuá, 2018. (Livro premiado pela Academia Pernambucana de Letras em 2019)
A estética da indiferença - Sidney Rocha, Editora Iluminuras, 2018 (inclusive esse é o segundo volume de uma trilogia - o primeiro tá na lista de lidos)
Não há amanhã - Gustavo Melo Czekster, Editora Zouk, 2017
Amora - Natália Borges Poleso, Editora Dublinense, 2018
Legião Anônima - João Paulo Parisio, Editora CEPE, 2015
1984 - George Orwell - Editora Cia das Letras, 2009
O conto de aia - Margaret Atwood, Editora Rocco, 2017
Fahrenheit 451 - Ray BradBury, Editora Biblioteca Azul, 2012.
Como morrem as democracias - Steven Levitsky, Editora Zahar,2018.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Dos arrependimentos.

Éricka Lecter, 2014



Ela se inclinou pra frente e o beijou na boca, um beijo roubado, parecia-lhes inofensivo. Ele parou por um segundo e olhou ela nos olhos, e a beijou de volta guiando ela até a cadeira de onde ela se levantou, passou as mãos na sua cintura e soltou um leve riso de satisfação, passou a mão por dentro da sua blusa e os dedos frios nas suas costas, puxando-a para si enquanto apoiava-se na mesa onde estavam sentados. Ela sentiu seu corpo todo responder ao toque dele, suas pernas tremeram e então ela fechou os olhos apertados e segurou os cabelos dele, já acinzentados, o beijou com muita força como se fosse o último beijo da vida dela, sentindo as mãos dele dentro das suas roupas, ela o fez parar...

... Foi a até a porta, se certificou de que a mesma estava trancada... Ele olhava imóvel com a expressão de quem estava a ponto de se arrepender de algo que ainda não fez. Ela o guiou até a outra sala, o fez sentar-se na poltrona e assistir enquanto ela desabotoava botão por botão da sua blusa, vagarosamente – Tortura – ele pensou! Ela deixou a blusa escorregar pelos braços enquanto tirava as sapatilhas, andou até ele e o fez tirar os óculos, ele não ia precisar mais olhar de longe, ela se inclinou novamente e o beijou enquanto desabotoava a sua camisa, e continuou beijando pedacinho a pedacinho do seu pescoço, do seu peito nu, da sua barriga, então se ouviu um riso... – Beijo no umbigo – Ela se despedia sempre com essa máxima. Quando sentiu segurar suas mãos firmemente antes de deixá-la abrir o zíper da sua calça – Tira o resto! – ele disse com toda a autoridade que lhe cabia fitando-a enquanto ela usando apenas um jeans surrado... Obedeceu. Virou de costas e olhou pra ele com o canto dos olhos, o fez respirar fundo enquanto se despia lentamente, inclinou-se até onde pode e finalmente estava apenas com uma calcinha vermelha minúscula, quase não lhe cobria, ele perguntava-se o por que de usá-la afinal. Ainda de costas o ouviu levantar-se e esperou que ele chegasse até ela, sentiu sua mão fria nos seus seios e sua barba no seu pescoço, então suas mãos passaram delicadamente pela sua barriga e umbigo até estarem dentro da sua calcinha minúscula, ela se debruçou sobre a mesa e o deixou tirar sua calcinha, enquanto era beijada e lambiscada, ela foi ficando completamente nua, mas extremamente a vontade. Virou-se pra ele e o fez voltar a poltrona, lhe tirou a camisa e a colocou gentilmente no chão, o beijou devagar e se ajoelhou entre suas pernas, o fitou enquanto o sentia excitado e abriu sua calça, ela o olhava, mas ele olhava o teto escuro da sala, sentiu tira-lhe os sapatos e as meias – Espero que entenda, não cabem meias nesta cena – em seguida sentiu baixar-lhe as calças, voltou a levantar e montou-lhe como se monta um cavalo, lhe mordeu a orelha enquanto sentia as mãos dele ainda geladas lhe segurarem pelas pernas e apertar-las, o fez lhe beijar os seios, enquanto rebolava e gemia baixinho sentindo as mãos dele entre suas pernas... seus músculos enrijeceram e ela mordia os lábios com tanta força que parecia querer sentir o gosto do seu próprio sangue, quando finalmente se entregou, e, ainda montada lhe tirou a última peça, se pôs novamente de joelhos e beijou-lhe o falo, segurando com cuidado ela o lambia com carinho e o chupava enquanto tentava fazê-lo olhar – mas ele só encarava o teto e gemia baixo o nome dela, até que não pode mais aguentar, afastou-lhe a boca e a beijou com força que podia sentir seu próprio gosto, ficou de pé e a pós lindamente posicionada de quatro na mesma poltrona, olhou-a por um instante, lhe fez carinho e em seguida lhe deu um tapa, lhe encaixou perfeitamente, ela gemia alto, quase aos gritos, ele podia senti-la se contrair, cada gemido o deixava mais excitado, cada vez que ela se contorcia ele se contorcia ate que chegaram a sincronia perfeita, ele podia sentir cada músculo dela e vice-versa, suas mãos passeavam pelo corpo dela, apertavam-lhe os seios, guiavam-lhe nos movimentos e na velocidade, até que se pode ouvir um gemido de êxtase, seguido imediatamente por um de alívio, e então o silêncio quebrado apenas pela respiração pesada de ambos. e ela sentiu ele debruçar-se sobre as suas costas, seu suor se misturar com o dela e então, resolveu virar-se e encará-lo. Olhou seu rosto por um segundo e ambos sorriram, agora era a hora de se arrepender, afinal, tinham feito e bem feito. Nenhum dos dois queria falar, deitaram no tapete ali mesmo e olharam um pro outro durante alguns minutos... 

Então ela levantou-se e catou as roupas que deixaram pelo chão, e novamente estava vestida com aquela calcinha minúscula, ele assistia ela se vestir, peça por peça deitado sem mover um músculo. Quando ela finalmente abotoou o último botão da blusa e sentou-se na poltrona onde a pouco estava em outra posição. Esticou o braço esquerdo e alcançou o abajur acendendo a única luz que iluminou a sala além da luz talvez do luar para ser romântico, talvez do posto em frente ao prédio. Ela o olhou deitado ainda no tapete e com o ar de riso que só meninas que sabem o que querem tem, perguntou – Já deu tempo de se arrepender? Ele sorriu, levantou-se e a puxou pela mão até que ela estivesse de pé, pôs suas mãos na cintura dela e ainda sem roupas a puxou pra perto e a beijou... – Ainda temos uma noite inteira, vamos nos arrepender pela manhã!

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

2019

Agora sim dando início ao ano de 2019 vou contar pra vocês como vai funcionar a minha meta de leitura pra esse ano já que pretendo postar resenhas de todas as minhas leituras aqui e estar um pouquinho mais atuante nesse negocio que ta quase sempre bagunçado, mas é assim mesmo que é a minha vida ~bagunçada~. 

SOBRE A META:

A meta é ler um livro por semana, o que me deixa com 52 livros no ano. Claro que alguns livros são mais rápidos e outros mais lentos e sem contar com as leituras obrigatórias do meu curso, então pode ser que eu atrase em alguns dias as minhas leituras mais densas, ou que leve mais tempo pra terminar livros maiores, contudo, vou fazer o possível para manter o blog atualizado esse ano, tanto com as resenhas quanto com as revisões de adaptações, séries e filmes. Sem falar que depois que voltei a escrever tô super empolgada então pode ser que apareça alguns contos meus por aqui. 

No ano de 2018 eu tentei ler o máximo possível de literatura nacional contemporânea, o motivo é muito simples, a literatura que tem aparecido no Brasil é tão boa quanto ou melhor a que vem de fora, e eu realmente li coisas maravilhosas de escritorxs brasileiros que ainda são desconhecidos, então vocês vão ler muita resenha de livros brasileiros contemporâneos por aqui. Eu também tô tentando sair um pouco da minha zona de conforto com a literatura e ler menos terror, policiais e mistérios. Mas, já aviso que é difícil e que não tô prometendo nada.

Quanto as adaptações eu tento muito não dar spoiler mas sempre sai uma coisa ou outra por que adaptações nem sempre seguem de acordo com o livro ou conto, então cuidado, mas no geral eu deixo sempre um aviso pra você não reclamarem depois. Inclusive quero começar falando da adaptação de "A descoberta das bruxas" da Deborah Harkness que virou um seriado e eu ja amo. 

Então é isso. 

Vai ter post toda semana pra compensar o ano passado de procrastinação! 


xoxo