quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Doctor Who - 8ª temporada.

De volta aos velhos hábitos por que ainda restam duas temporadas para pôr aqui. Vamo nessa - os meus dois episódios favoritos da oitava temporada foram bem complicados porque eu realmente sou uma fã dessa temporada em particular, o que eu fiz foi pegar dois episódios que eu gostei muito e que de alguma forma me deram um certo prazer em assistir mais de duas vezes. Embora eu tenha que dizer que foi no primeiro episódio dessa temporada que passei a respeitar a Clara como acompanhante do Doc. Antes eu achava ela super deslumbrada e arrogante, não que ela não seja mais arrogante, mas acho que comecei a perceber os motivos dela. 


O primeiro deles é o “Escute” é quarto episódio e já tem uma premissa massa de que não estamos - nunca estamos sozinhos. Esse episódio poderia se chamar facilmente de “o passageiro misterioso”

Ao mesmo tempo que o Doc (que agora já é meu amor Capaldi) está se perguntando se realmente “estamos sozinho quando ficamos sozinhos?”. Clara e Dany tem o seu primeiro encontro num restaurante e que parece estar indo muito bem até não estar mais. Em casa ela encontra o Doc e juntos tentam achar com a ajuda da TARDIS o momento exato de um dos pesadelos de Clara. A procura do monstro que assombra todo o ser humano vivo. Aquele que se esconde e se esgueira dentro dos armários ou debaixo das camas.  Mas Clara se distrai e vão parar em um orfanato, o Doc insiste que lá se esconde o pesadelo e manda Clara de volta a TARDIS que desobedece e conhece Rupert, Rupert Pink. (esse nome lembra alguém?) 
O Doc acha o zelador da noite, e faz perguntas estranhas: já se pegou falando sozinho? O seu café some? Sua TV desliga sozinha? E tudo ia acontecendo conforme ele perguntava. Enquanto isso Clara tentava acalmar o garoto que estava assustado com alguma coisa debaixo da sua cama. “Sabe por que sonhos se chamam sonhos? Por que não são reais e se fossem precisariam de um nome” mas de repente o que estava debaixo da cama não estava mais lá, e em cima dela, coberto com o cobertor do Rupert e antes de sabermos o que está lá debaixo da coberta, o Doutor interrompe e explica como o medo é bom… mas, imagine uma coisa que não pode ser vista? O que ela faria se fosse vista? Depois de expulsar a coisa Clara acalma Rupert fazendo uma barreira com seus soldadinhos de plástico. 

“Um soldado tão corajoso que não precisa de arma.” (mas será que mais alguém notou Clara falando do Doutor) Depois de por Rupert/Dany na cama ela pede para que o Doc deixe ela no restaurante e aí a coisa começa mesmo a sair dos eixos. Ela se atrapalha e ao mesmo começa a ver um homem num traje espacial que pensa ser o Doc mas não é. É alguém do seu futuro o coronel Orson Pink. (muitos Pinks) O Doc encontrou o Coronel no “Fim de tudo” ele era um viajante do tempo, um dos primeiros e lá o Doc diz que antes de levá-lo de volta ao seu tempo precisam passar a noite, mais uma noite onde o viajante do tempo já estava preso há seis meses. Lá, o Doc quer enxergar o que mora na escuridão, aquilo que não pode ser visto. E que agora que não há mais vida no universo eles não precisam mais se esconder debaixo da cama. Mas não dá certo, o Doc rompe uma bolha de ar e precisa ser resgatado pelo Coronel Orson antes de desmaiar. As criaturas do escuro continuam tentando entrar na TARDIS agora e Clara usa a sua conexão para tirá-los de lá, mas ela não faz ideia de pra onde está indo. 

Mas surpreendentemente Clara Oswald vai parar em lugar onde nenhuma outra companion jamais foi. E agora ela tem a difícil tarefa de acalmar outra criança, mas essa não é qualquer criança. Então ela usa o discurso do Doc sobre sentir medo. Sobre o medo tornar você mais forte, mais rápido, mais inteligente, mais bondoso… “escute”está tudo bem sentir medo. De volta a TARDIS Clara faz o Doc prometer que não voltará jamais pra aquele lugar, nunca saberá de onde eles estão partindo. Jamais! 


O segundo deles é o episódio 8 intitulado - A múmia no expresso oriente.




A primeira cena já diz a que veio, num trem enquanto jantam uma senhora enxerga um monstro, uma múmia que caminha em sua direção, logo ela começa a temer por sua vida, enquanto pede ajuda, todos os outros passageiros acreditam que ela está tendo uma ilusão, algum tipo de ataque de pânico, logo no canto da tela um relógio que contava regressivamente 66 chega a 0 e a senhora morre na mesa do vagão restaurante. 

O que tem de especial nesse trem? Ele está no espaço. E o Doc escolhe esse trem para a despedida dele e de Clara que a pedido do namorado (Pink) está deixando o Doutor. Nós conhecemos a história do “assassinato no expresso oriente” e quando ouvimos o nome do episódio pensamos imediatamente do livro, mas essa é uma história completamente diferente. A lenda da “múmia soldado” é conhecida entre os passageiros dessa viagem específica, que são estudiosos de campos diferentes que mas se encontram em algum momento. Ao se inteirar da morte da senhora o Doc tenta acalmar Clara dizendo que não tem nada com o que se preocupar. Mas a noite ele decide sair para investigar melhor e resolve não chamar sua acompanhante que por sua vez teve a mesma ideia. nos desencontros tomando caminhos diferentes Clara encontra a senhorita Pite que acabara de perder a avó e na busca por ver seu corpo acaba presa com Clara numa sala e um misterioso sarcófago. Enquanto isso a múmia fazia a sua segunda vítima na cozinha do trem. 

Por telefone o Doc que achava que sua acompanhante ainda estava dormindo fica surpreso e preocupado por saber que ela está presa em um trem onde uma múmia assassina parece matar pessoas em um curto espaço de tempo. Quando entre ir salvar Clara sem sucesso e ser descoberto como falso inspetor de trens acontece a terceira morte no vagão de passageiros, o que obriga maquinista a soltar o Doutor, já que ele parece ser o único com conhecimento e inteligência suficiente para parar a coisa. É quando ele se dá conta de que neste trem estão os maiores especialistas em diversas áreas de conhecimento e que se ele tivesse que montar um time para deter a múmia esse time era o que estava no trem. 
Clara que continua presa tem uma conversa que põe a relação dela com o Doc em perspectiva, (a relação de Clara com o Doutor sempre me colocou em dúvida, não é como a do Ten e a Donna puramente amizade ou como o Ten e a Rosie que eram claramente apaixonados e antes do fim ele consegue um jeito de não deixá-la sozinha. Antes do Capaldi claramente muito mais velho tínhamos o Matt e a Clara e ele pareciam bem próximos, mas nada como o clima entre o twelve e Clara.) Pois bem, esse clima despedida sempre deixa a gente com o coração na mão. - Ainda mais que Clara está confusa, ela vai deixar o Doutor por que acha que deve ficar só com o Pink e que isso é a coisa certa a fazer, até que a frase: “A vida seria mais fácil se gostássemos das pessoas que deveríamos gostar” pega ela de jeito, e também pega a gente já que eles não parecem ter um amor romântico. Mas voltando para o episódio: nesse meio tempo o Doutor conhece Gus, que é o responsável por todos estarem presos naquele trem e Gus já deu algumas instruções sobre o que devem fazer para sair de lá. Eles precisam resolver o mistério da múmia e tranca-la no safrcofago que está na sala onde Clara está presa. 

Quando o doutor em mitologia alienígena começa a enxergar a múmia e descrevê-la para o Doc que deixa claro que não pode salvá-lo mas precisa das descrições para poder salvar o próximo. Ao telefone Clara passa ao Doc informações importantes sobre a Múmia e o fato de estarem numa viagem de trem, outros já haviam passado por isso e antes que ela pudesse dar todas as informações, Gus assassina um vagão inteiro da cozinha com aviso “se desobedecerem outros passageiros ~menos importantes~ irmão morrer” essa frase acende uma luz na cabeça do nosso Doc, afinal como a múmia escolhe suas vítimas? Com a ajuda de Perkings que está sempre ao lado dele nas últimas horas (até pensei que Gus fosse o Perkings) eles traçam um perfil e chegam a uma conclusão: a múmia ataca primeiro os mais fracos com problemas de saúde física, mental ou emocional, e logo eles percebem que ela vem em busca do capitão do trem, o Doutor não pode salvá-lo e não aceita que não pode ver a múmia, ele sabe que para destruí-la ele precisa enxergá-la, mas logo ele tem uma ideia, e sabemos que a próxima vítima está presa com Clara no vagão do sarcófago, trancadas as duas. Por telefone o Doc conta a Clara que sua colega a senhora Pite é a próxima vítima e pede para que ela leve a moça até ele, que não pode salvá-la, mas quer saber mais sobre a múmia e a moça pode ajudá-lo. Clara briga com ele, mas, mente para a moça dizendo que seu amigo Doutor pode salvar sua vida. Agora livres da cabine do sarcófago, Clara vê a TARDIS e pensa por um instante em entrar nela e fugir dali mas ela está envolta em um campo de força e elas não podem entrar. 

O que faz Clara perceber que se o Gus sabe o que é a TARDIS ele sabem quem é o Doc e o faz admitir que sabia que o trem não era seguro antes de chegar a ele. Durante a discussão Clara deixa escapar que mentiu para a colega mas o Doutor tinha um plano que não contou: Ele transferiu os sentimentos da moça para si quando ela começou a enxergar a múmia, e logo era ele quem enxergava, e analisando friamente o corpo de seu algoz ele percebe que parte da escritura no pergaminho que a múmia segue também está sob as ataduras do monstro de modo que aquilo era uma bandeira de guerra, concluindo que ele era um soldado, que estava vivendo preso em uma guerra que nunca terminou, uma tecnologia antiga o manteve preso àquele pergaminho. Então com algumas palavras ele liberta o soldado de sua guerra. Mas Gus era o verdadeiro vilão desse episódio, e logo que o Doc resolve o mistério ele decide que não precisa mais de nenhum dos passageiros, mas o Doutor que já imaginava, então ele conserta o teletransporte que tirou da múmia e antes que trem exploda ele tira todos de lá pra dentro da TARDIS. Depois de explicar a Clara como salvou todos no trem e de volta a TARDIS eles tem uma conversas sobre a despedida, mas aí já seria spoiler demais né?



“O ódio é uma emoção forte demais pra gastar com alguém que não gostamos”

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Longe das Aldeias - Robertson Frizero - 2015 - Terceiro Selo.


Quanto mais mergulho na minha meta de ler mais autores nacionais contemporâneos mais me surpreendo com a qualidade do que tem sido produzido e me surpreende o fato dessa literatura passar tão longe das grandes livrarias. Longe das Aldeias do Robertson Frizero foi uma grata surpresa que tive o prazer de ler nesses últimos meses.

Intimo e muito poético. Comecei com a sensação de quem estava lendo o diário de um adolescente perdido, que além de não saber de seu passado temia as incertezas de seu futuro. Vendo a mãe perder as memórias que a ele foram negadas, soterradas entre histórias, meias verdasdes e varias mentiras desde o seu nascimento, Emmanuel tenta costurar as lembranças da mãe com as histórias que ouvia para se reconhecer no homen que é e no homem que quer ser. Tentando descobrir a verdadeira história de sua família que fugira da guerra em meio as lembranças embaçadas das fotos presas a um espelho, Emmanuel vai descobrir o quanto dói lutar a guerra da qual nunca foi soldado. Por vezes eu e perguntei se não estava invadindo a privacidade de Emmanuel e da sua família ao ler os relatos dele no livro. Como contar uma história da qual você não se lembra ou sequer fez parte? Bem, Emmanuel conseguiu. 

"Longe das Aldeias" é envolvente, tem uma linguagem maravilhosa e uma narrativa acessivel que  trata de temas bastante atuais como a guerra, refugiados, familia e religião.  Foi recentemente adicionado a lista dos livros do PNDL literario 2018 pelo Governo Federal - Foi eleito livro do ano pela AGES (Associação Gaúcha de Escritores) na categoria Narrativa longa e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e do Prêmio Açorianos de Literatura. 

Para saber mais sobre o autor é só clicar no nome dele que o link te leva pra biografia dele. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

666 - O Limiar do Inferno

Essa semana um debate sobre “como formar leitores” acendeu uma curiosidade pessoal. Eu não venho de uma família de leitores (inclusive bem longe disso) e pra falar a verdade até hoje eu encaro olhares meio tortos do povo de casa por gostar e dedicar tanto tempo a leitura. E pra ser bem sincera o que torna esse “estranho hábito” ainda pior é o meu fascínio por literatura de horror/terror/slasher - o que pra mim não era uma coisa fácil de explicar- sempre que converso com meus amigos leitores eles tem uma historinha fofa de como ganharam o seu primeiro livro e eu nunca contei como eu cheguei ao meu primeiro livro inclusive por que é um livro nada ortodoxo para uma criança. Então hoje eu resolvi falar sobre o meu primeiro livro - 666 o limiar do inferno (1981) de Jay Anson - Sim, eu era uma criança e esse foi o meu primeiro contato com a literatura de horror e com livros (não didáticos) de um modo geral. Então, acontece que eu já ia pra escola de ônibus aos 11 e na volta sempre fazia o retorno (o caminho mais longo) pra ficar mais tempo no ônibus com os meus amigos e passávamos por um senhor que vendia livros (ainda vende, tem reportagens sobre tio Eduardo no jornal) e ele sempre jogava alguns pra dentro do ônibus e eu nunca conseguia um livro por ser uma garota raquítica, um dia o ônibus parou e ele conseguiu dar na minha mão um livro super velho e destruído que por sorte a minha ninguém mais quis pegar e por isso eu ganhei. o Eduardo não sabe disso mas esse foi o meu primeiro contato com a leitura de um livro não escolar. Mesmo quando leio desde os quatro anos. 

666 O limiar do inferno conta a história do casal Keith e Jennifer que ao voltar de uma curta viagem de férias percebe um casarão vitoriano completamente novo nos fundos de sua casa. Tal casarão foi transportado para lá durante as curtas férias (Pra ficar melhor explicado, era uma casa que estava num terreno que antes estava vazio, esse, eles eram vizinhos de porta dos fundos, e em outro momento da história Keith explica melhor como se deu o transporte de uma casa inteira para um lugar completamente novo). Já a partir da primeira visita de Keith a casa coisas estranhas começam a acontecer, como a maneira que ele consegue acesso a ela inclusive. Com o passar dos dias camiões e vens vem fazer serviços estranha casa e isso alimenta a curiosidade de Keith, que por acaso descobre sobre seu passado sombrio em um jornal velho que trazia apenas a metade da notícia.

Acontece que por curiosidade Keith decide investigar a casa e descobre mais sua história trágica - Um dono original da casa teria matado a amante e o cunhado ali mesmo - Esse era o mesmo homem que ele tinha lido no pedaço de jornal que chegou até sua casa por pura coincidência (será?). Keith descobre que um velho amigo estava encarregado de alugar a velha casa e decide obter mais informações sobre ela, o que só lhe traz mais dúvidas, e aquela sensação de estar entrando em algo do qual não pode sair fácil. Enquanto isso David (um amigo do casal) procura suas próprias respostas sobre algo que Keith encontrou na sua visita/invasão a casa. 

A narrativa acontece em volta de Keith, Jennifer e David, o que vem a ser uma espécie de triângulo amoroso disforme, e quando você menos espera o sobrenatural é inserido na trama se tornando quase um quarto personagem 

Anson é nesse livro o meu ponto de chegada quando se trata de escrita, ele simplesmente não se detém no desnecessário, a escrita dele vem lenta, mas, crescente até se tornar profunda e então rápida até alcançar o clímax final, o narrador vem tecendo a narrativa através do pensamento e das percepções dos três personagens envolvidos mais a casa, O que eu percebi também, é que nem os personagens sabem a história toda, sempre alguém esconde algo deles que nós leitores sabemos mas eles nunca vão descobrir. Primeiro Anson vem trazendo um thriller de terror psicológico, narrando acontecimentos inexplicáveis, e envolvendo o leitor numa curiosidade gigante, então tornando a narrativa mais rápida ele aparenta estar dando algumas respostas quando na verdade está criando um suspense ainda maior em torno da casa, que a essa altura já atua sozinha como um dos personagens principais e assim chegando a um desenlace fantástico e super satisfatório (claro que isso é a minha opinião pessoal). Talvez em 2018 não faça muito sentido por ser um tema saturado lá nos anos 60/70, mas, algo diabólico está claramente por trás dos acontecimentos. 

(Pra quem não sabe Anson é o autor de Horror em Amityville [1977] que ainda não escrevi nada sobre por que gosto mais desse aqui)


PS: Pedi a um amigo Jornalista pela reportagem sobre o Livreiro do ponto de ônibus. Quando receber eu posto nos comentários!